Exposição de fotografia´Condenados´ promove encontro de militantes e governo

 

O tratamento dado ao público LGBT no Sistema Único de Saúde (SUS) foi o principal assunto do debate “Saúde física e psíquica das minorias sexuais”, uma das ações da exposição “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”, que fica aberta à visitação, no Centro Cultural Correios, na Praça Anchieta, no Pelourinho, até 16 de novembro.  A mostra reúne 50 autorretratos de homens que vivem em países onde a homossexualidade é criminalizada e, desde 4 de outubro quando foi aberta ao público, vem trazendo para Salvador espaço de discussão entre a comunidades e os representantes do Governo.  A entrada é franca.

 

Com a presença do diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Luiz Barbosa, e de Javier Angonoa, consultor da Laços Sociaids – parceria entre a Unaids e o Governo do Estado da Bahia, o debate de ontem, iniciado às 16h, passou por questões como a diferenciação de identidades sexuais durante o atendimento, que poderiam extrapolar do feminino e masculino; a busca por saúde integral, desde a saúde preventiva ao tratamento das enfermidades; e equidade no tratamento dispensados pelos funcionários da rede, entre outras inquietações do público LGBT.

 

“Fui ao posto de Saúde com dengue. Só porque eu estava usando uma camiseta com o laço da Aids o médico nem me examinou”, este foi um dos exemplos usados por Javier Angonoa para ilustrar o que no debate foi considerado despreparo dos profissionais de saúde para atender à população. “Por falta de atendimento qualificado, por medo da discriminação, muitos homossexuais deixam de buscar ajuda médica e ficam doentes”, apontou o consultor da Laços Sociaids.

 

Porém, o representante do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que de 2004 até os dias atuais, houve “um grande avanço” no SUS quanto a este público. “Há oito anos, o Brasil distribuía cerca de 10 drogas para pessoas com Aids, hoje são cerca de 22, sendo que país produz a metade destes medicamentos”, contou Barbosa. Ele lembrou que neste período o Brasil implantou sua primeira fábrica de preservativos, os quais são distribuídos nos Postos de Saúde.

 

A questão do diagnóstico ainda é considerada um ponto frágil em todo País.  A partir do dia 22 de novembro deve começar uma onda de implantação  dos chamados testes-rápidos, testes que são para a triagem, em todo o  Brasil. A ideia, de acordo com Barbosa, é implantar em todas a unidades de saúde básica os kits e preparar os funcionários para fazer os teste. De acordo com os dados da Ministério da Saúde, cerca de 250 mil brasileiros são portadores do HIV/Aids e não sabem.

 

Papel Social - A arte que leva informação, que gera indignação, que transforma, será tema do último dos três debates promovidos pela mostra internacional.  A proposta é mostrar como, por meio da fruição estética, a arte pode fazer diferença nas vidas das pessoas. Assim como ocorre na exposição “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”.

 

Elaborada sob a curadoria de Philippe Castebon, jornalista e fotógrafo francês, a mostra é o resultados da pesquisa feita por meio de sites de relacionamento, que Philippe utilizou para conhecer homens gays que vivem em países em que há na legislação uma criminalização à prática homossexual. Desses encontros virtuais surgiram os 50 autorretratos, que chocam, que escondem e revelam, as facetas de sociedades que criminalizam o sujeito pelas suas diferenças.